2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TEMA
2.1 COMPETÊNCIA: O INICIO DO DEBATE
O conceito de competência no contexto organizacional começou a ser elaborado em meados de 1973 com McClelland que publicou o artigo Testing for Competence rather than Intelligence, iniciando o debate sobre competência entre os psicólogos e administradores norte-americanos. A competência é uma característica subjacente a uma pessoa que pode ser relacionada com desempenho superior na realização de uma tarefa ou em determinada situação.
Diferenciava, assim, competência de aptidões, que seria um talento natural da pessoa, que pode vir a ser aprimorado, de habilidades, que seriam a demonstração de um talento particular na pratica, e de conhecimentos, o que a pessoa precisa saber para desempenhar uma tarefa.
Durante a década de oitenta, os dados de estudos realizados sobre as competências gerenciais foram re-analisados, onde identificou-se um conjunto de características e traços que, na opinião dos especialistas no assunto, definem um desempenho superior.
Esses trabalhos marcaram significativamente a literatura americana a respeito do tema competência, que é pensado como um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes (isto é, um conjunto de habilidades humanas) que justificam um alto desempenho, acreditando-se que os melhores desempenhos estão fundamentados na inteligência e na personalidade das pessoas.
Esta abordagem considera a competência, portanto, como um estoque de recursos que o individuo detém a avaliação dessa competência individual e feita, no entanto, em relação ao conjunto de tarefas do cargo ou posição ocupada pelo profissional. Nesta linha, a gestão por competência é apenas um rótulo mais moderno para administrar uma realidade organizacional ainda fundada nos princípios do taylorismo-fordismo.
Até neste momento, a competência permanece ligada ao conceito de qualificação, usualmente definida pelos requisitos associados ao cargo ou função - os saberes ou o estoque de conhecimentos da pessoa, os quais podem ser classificados e certificados pelo sistema educacional.
Assim definido o conceito de competência não atende as demandas de uma organização complexa, mutável, em um mundo globalizado.
Em outras palavras, definir um estoque de recursos necessários aos bons desempenhos, não é condição suficiente para atender a demanda por inovação e flexibilidade que se colocam as empresas.
Em tais situações as organizações deverão competir não mais mediante produtos, mas por meio de competências, buscando atrair e desenvolver pessoas com combinação de capacidades complexas.
Nos anos noventa, o conceito de competência que emerge na literatura francesa vai além do conceito de qualificação.
Zarifian (2001, p.9), foca três mudanças no mundo do trabalho, que justificam a emergência do modelo de competência para a gestão das organizações:
- A noção de incidente, aquilo que ocorre de maneira imprevista, não programada, vindo a perturbar o desenrolar normal do sistema de produção, ultrapassando a capacidade rotineira de assegurar sua auto-regulação, isto implica que a competência não pode estar contida ns pré-definições da tarefa: a pessoa precisa estar sempre mobilizando recursos para resolver as novas situações de trabalho;
- Comunicação: comunicar implica compreender o outro e a si mesmo, significa entrar em acordo sobre objetivos organizacionais, partilhar normas comuns para a sua gestão;
- Serviço: a noção de prestar serviço, de atender a um cliente externo ou interno da organização precisa ser central e estar presente em todas as atividades. Para tanto, a comunicação é fundamental.
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