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Gestão por competência - pt4

2.2 COMPETÊNCIA E SUAS ABORDAGENS MUNDIAIS

2.2.1 Escola Anglo-Saxônica

A escola anglo-saxônica, composta de psicólogos e administradores, teve seu conceito de competência estruturado pela primeira vez em 1973 por McClelland que tentando aprimorar os testes psicológicos de inteligência para processos seletivos ampliou para também dar suporte aos processos de avaliação e para orientar ações de desenvolvimento profissional.
Esse autor define competência como o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes (CHAs) responsáveis pelo desempenho superior. Dessa forma, o fato de certa pessoa possuir determinado conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes, desejados por uma organização, seriam predicados de que tal pessoa teria um desempenho superior.
Nesta vertente, o parâmetro para o conceito de competência decorre da tarefa e das atribuições de um determinado cargo. Aproxima-se assim, do conceito de qualificação, ao definir uma serie de requisitos necessários ao cumprimento das atribuições atreladas a cada posição na organização.


2.2.2 Escola Francesa (Européia)

Em uma tentativa de complementar o conceito de competência associado ao de qualificação, a escola francesa estende a preocupação única com a definição de conjuntos CHAs (conhecimentos, habilidades e atitudes) para as relações possíveis entre estes – o saber e o saber agir.
O saber fazer sempre foi valorizado no mundo do trabalho, o que mudou foi a abrangência das expectativas e a definição de espaços ocupacionais dinâmicos e amplos.
Não é mais suficiente unicamente atender a requisitos formais especificados nos cargos. Os trabalhadores são valorizados pelo quanto são capazes de entregar, se acumulam suas habilidades inteligentemente para fazer frente e resolver inúmeros problemas e soluções de trabalho.
  
2.2.3 Considerações
  
Fazendo um parâmetro entre as duas correntes, a escola anglo-saxônica com uma abordagem mais pragmática, especialmente em suas formas de classificação, que parte de uma influencia clara do conceito de qualificação profissional, e de outro lado, a escola européia, mais especificamente a francesa, que ampliou as perspectivas do conceito a partir da integração de elementos da sociologia e da economia do trabalho.
A escola francesa acrescentou à anglo-saxônica o conceito de resultado, ou seja, da mobilização dos conhecimentos, habilidades e atitudes, a partir da observação das competências quando de sua mobilização em um determinado ambiente de trabalho, bem como, a importância do reconhecimento social do valor da competência.
É nela que são desenvolvidas as principais contribuições a noção de competência individual, avaliando que as competências individuais não se restringem a um estado de formação educacional ou profissional, tampouco a um conjunto de conhecimentos adquiridos ou de capacidades aprendidas. São compreendidos como a mobilização de conhecimentos e capacidades numa situação específica, na qual se apresentam recursos e restrições próprias a essa situação.
Resumindo, a diferença entre a abordagem americana e a francesa está no fato de que a anglo-saxônica admite seu conceito a partir da acumulação de conhecimentos, habilidade no qual são reforçados principalmente aspectos da formação educacional e profissional.
A abordagem francesa analisa o conceito de competências a partir da observação da mobilização dos conhecimentos, habilidades e atitudes em ambientes variados.
Atualmente, os autores procuram pensar a Competência como o somatório dessas duas escolas, ou seja, de que maneira ocorre a entrega e quais as características da pessoa que podem ajudá-la a desenvolver suas atividades com maior facilidade (MCLAGAN, 1997; PARRY, 1996 apud DUTRA, 2008, p.30).
Outra linha importante é a de autores que discutem a questão da competência associada à atuação da pessoa em áreas de conforto profissional, usando seus pontos fortes e tendo maiores possibilidades de realização profissional e pessoal (SCHEIN, 1990; DERR, 1988 apud DUTRA, 2008, p.30).
Há grande diversidade de conceitos sobre competências que podem ser complementares, assuntos que serão tratados de forma mais detalhada no capítulo seguinte deste trabalho.
Dutra (2008, p. 30) estruturou estes vários conceitos (vide figura 1), na qual temos, de um lado, as competências entendidas como o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para a pessoa exercer seu trabalho, e de outro lado temos as competências entendidas como a entrega da pessoa para a organização.


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