É sempre muito delicado
fazer crítica às pessoas, ainda mais quando o assunto é muito pessoal. Porém,
acredito que, num ambiente profissional, o bem da empresa é o que vale e, se um
de seus profissionais não estiver de acordo com o que a empresa espera, o ideal
é falar o quanto antes, para evitar que aquela pessoa manche a imagem da
organização. Esse é o caso de profissionais que possuem problemas com mau hálito,
odores embaixo dos braços, vestuários inadequados e outras situações que
incomodam aos demais colegas e podem, até, passar uma imagem de desleixo para
clientes.
Infelizmente, normalmente as
pessoas que possuem problemas como esses não sabem que os tem. Eles
simplesmente não percebem seus próprios odores, ou não se atentam para
inadequação de uma determinada vestimenta. Tratar de assuntos como esses, torna
-se, portanto, uma tarefa muito delicada, o que requer da empresa certo jogo de
cintura para ferir o mínimo possível o ego de quem recebe a notícia.
Acredito que o primeiro
passo é escolher uma pessoa que tenha habilidade para levar situações como essa
de uma forma mais leve, sem se embaraçar entre as palavras e, com isso, tornar
a situação ainda mais delicada. É importante que essa pessoa tenha uma relação
saudável com o profissional desavisado, mas que ela imponha certo tipo de
respeito. É fundamental que a mensagem seja passada da forma correta, ou seja,
tem que ficar claro que se trata de uma orientação e que ela deve ser seguida.
Um local tranquilo é o mais recomendado para abordar esse tipo de assunto, já
que a pessoa precisa estar à vontade. Desta forma, o entendimento fica mais
fácil, e a crítica pode ser compreendida com mais clareza.
É importante, também, que
quem vá dar a notícia, esteja preparado para uma má recepção. Ne m todo mundo
sabe lidar com críticas. Alguns se zangam, outros ficam tristes e se ofendem,
outros ainda simplesmente relevam a informação como se nem acreditassem no que
lhes foi dito. Uma boa maneira de não constranger a pessoa, é mostrando que
aquilo é falado em seu favor, para evitar futuros problemas com outras pessoas
ou outras empresas. Pode ser uma maneira, inclusive, de evitar piadinhas
maldosas, exclusões ou outros tipos de situações que só prejudicam a
pessoa.
Assim como qualquer outra
crítica, é fundamental que, ao conversar com a pessoa que tem esses problemas,
alguma solução seja oferecida logo em
seguida. Por exemplo,
no caso de maus cheiros, avise a pessoa que aquilo pode ser proveniente de
algum problema de saúde e que o ideal é procurar um médico, ou coisa do tipo.
No caso de vestuários enganosos, a solução pode ser a aquisição de uniformes
para aquele profissional, ou, se essa não for a política da empresa, quem sabe
não caber á a indicação de uma revista de moda ou de programas de TV que
ensinam sobre a forma certa de se vestir?! Outra boa saída é desenvolver um
manual de integração, onde contenham todas essas informações. Assim, todos os
funcionários que já estão na empresa, ou que ainda irão entrar, terão a
oportunidade de se inteirar da cultura organizacional, assim como a forma que
as pessoas que ali trabalham devem se vestir e/ou se comportar.
Conheço casos de pessoas que
deixaram de ser promovidas por problemas como esses que citei. Infelizmente,
aliás, tudo isso é muito mais comum do que podemos imaginar. Algumas vezes,
trata-se de desleixo. Quando o problema é esse, a empresa acaba repensando se
aquele profissional realmente é merecedor da promoção. A lógica é simples: se
ele não é capaz de cuidar da própria higiene, imagine como tratará seu
trabalho. Em outros casos, e eu, sinceramente, não sei qual é pior, o problema
está na saúde do colaborador. Eles se cuidam, são extremamente higiênicos, mas,
mesmo assim, exalam maus odores. O que fazer? Só procurando auxílio médico
mesmo, como citei anteriormente. Não acredito que nenhuma das situações não
possa ser contornada. Quando há vontade, é possível qualquer coisa.
O que não pode acontecer é
que um problema de tal importância se torne empecilho para o almejado
crescimento profissional.
BERNT ENTSCHEV | Presidente
da De Bernt Entschev Human Capital
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