Quando
você realiza uma aplicação financeira, deve ter em mente dois objetivos,
primeiro manter o poder de compra de seu dinheiro, e segundo e mais importante,
obter ganho real.
Mas
como é possível saber se sua aplicação está rendendo o esperado? Ou se ela está
ganhando da inflação?
Por
isso, é importante saber como calcular a diferença entre a taxa de juros
nominal, que a taxa declarada de uma operação financeira, e a taxa de juros
real, que é a taxa nominal descontada da inflação do período. Assim você poderá
avaliar se a rentabilidade obtida em seus investimentos está dentro da média do
mercado e atende ao que você esperava.
Mas
antes de realizar estes cálculos, é preciso entender também alguns
significados:
IPCA
– Índice de Preços ao Consumidor Amplo – É medido mês a mês pelo IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), sendo considerado o índice
oficial de inflação do Brasil.
Taxa
de Inflação - É o aumento no nível de preços. Ou
seja, é a média do crescimento dos preços de um conjunto de bens e serviços em
um determinado período.
Taxa Selic: também chamada de taxa básica de juros, é um
dos indicadores econômicos mais importantes do mercado financeiro, pois é a
taxa que serve de referência para toda a economia.
CDI: Certificado de
Depósito Interbancário é um título de emissão das instituições financeiras, que
lastreia as operações do mercado interbancário, ou seja, transações entre
bancos. A taxa do CDI tem como característica acompanhar de perto a variação da
taxa Selic.
Caderneta
de Poupança: é uma forma de investimento de baixo risco cuja operação é regida por
regras específicas estabelecidas pelo governo federal, também é considerado o
investimento mais tradicional e possui algumas características particulares,
como a isenção de imposto de renda, o cálculo mensal do investimento e a
proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) até o valor de R$ 250.000,00.
CDB: Significa Certificado de Depósito Bancário, que é um título
de renda fixa do tipo crédito privado, oferecidos por bancos. Na prática, você
empresta dinheiro ao banco, que te remunera com juros. Na maioria dos
casos, oferecem liquidez diária e remunera de acordo com a variação do CDI, este
investimento também é protegido pelo FGC até o valor de R$ 250.000,00.
Quando você investe seu dinheiro, o seu objetivo é que após
um determinado período, ele seja rentabilizado e você possa comprar mais coisas
ao final do investimento do que comprava no início.
Por exemplo, você possui R$ 1.000,00 hoje e, com este
dinheiro consegue comprar um determinado produto, mas ao invés disso você
prefere esperar um pouco mais e aplica este dinheiro (nesse exemplo, iremos
considerar que esta aplicação é isenta de imposto de renda) com juros nominais
de 6,5% ao ano (taxa Selic atual), você mantém esta aplicação por seis meses e
decide sacar o dinheiro para efetuar a compra programada.
Ao observar a taxa de inflação neste mesmo período, pode
constatar que a mesma foi de 2%, então hipoteticamente, o preço de seu produto
seria atualizado para R$ 1.020,00. Como a sua aplicação rendeu neste mesmo período,
3,25%, você obteve um ganho nominal de 32,50 sobre os R$ 1.000,00 aplicados. Então
você vai até a loja, compra seu produto e sobra no seu bolso, R$ 12,50, que
representa ao final desta aplicação, o seu ganho real.
Neste exemplo, verificamos que apesar de nominalmente sua
aplicação ter rendido 3,25 % em seis meses, com a redução do seu poder de
compra pela inflação de 2%, seu ganho real foi de apenas 1,2255%, ou 0,20% ao
mês.
Como se chega neste cálculo?
Atualizando pela inflação do período, R$ 1.020,00 passou a
ter o mesmo poder de compra do que tinha os seus R$ 1.000,00 reais seis meses
atrás, como você resgatou da aplicação R$ 1.032,50, seu ganho real foi de R$
12,50, então utilizando este valores, aplica-se a fórmula onde se divide o
ganho real pelo valor corrigido pela inflação e multiplica-se por 100 para se
transformar em porcentagem:
R$ 12,50 / R$ 1.020,00 = 0,01225 x 100 = 1,225%
Em mais um exemplo, se você aplicar seu dinheiro na caderneta
de poupança pela regra atual, em que a taxa de juros corresponde a 70% da SELIC
(atualmente 6,5% ao ano), e deixar aplicado por um ano, ela irá render 4,55%,
ou 0,38% ao mês. Como a projeção de inflação nos próximos 12 meses, de acordo
com o Boletim Focus do Banco Central, gira em torno de 3,5 a 4%, seu ganho real
será muito próximo de zero:
Inflação de 3,5%: juros reais de 1,1% ao ano;
Inflação de 4%: juros reais de 0,53 ao ano.
Ou seja, na melhor das hipóteses irá manter o poder de
compra de seu dinheiro, e na pior, dependendo do bem que você deseja comprar,
corre-se o risco de ele subir mais do que a inflação oficial e você acabar ficando
no prejuízo.
Comentários
Postar um comentário